domingo, 3 de maio de 2015

Conferencista expõe contradições entre modernização brasileira e saberes populares

A antropóloga Luitgarde Cavalcanti integra o corpo de conferencistas da XVII Conferência Brasileira de Folkcomunicação, a ser realizada entre os dias 10 e 12 de junho na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá. A pesquisadora discute o tema “Saberes populares na modernização brasileira: Histórias à margem da História?” no dia 12 de junho.

Manejando instrumentais teóricos como os de dominação, hegemonia e ideologia, Cavalcanti buscou refletir sobre o processo de silenciamento e marginalização de determinados grupos sociais no Brasil durante o período de modernização nacional. O universo sertanejo, o catolicismo popular nordestino e o cangaço foram explorados pela pesquisadora alagoana numa época em que ainda não haviam se consolidado como objetos de estudo nas ciências sociais.

Suas investigações se valeram tanto de documentos oficiais do governo como da memória oral do povo, cuja vivência buscou problematizar. Ela apontou que entre os discursos de modernização e urbanização do país, em vigor a partir dos anos 1950, e a materialidade dos grupos rurais deslocados, emergiram contradições sociais e crescentes processos de estratificação.

Colocando em diálogo antropologia e história, Cavalcanti sistematizou o contexto de marginalização da população rural em êxodo para a cidade, a ausência de infraestrutura para receber esses grupos, a incompatibilidade entre as habilidades dos trabalhadores do campo e as demandas das ocupações industriais, o triunfo de um modelo de modernização excludente e desagregador.

A trajetória da antropóloga, que trabalhou como professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) por mais de 40 anos, foi tema de um livro lançado em 2011. Organizado por José Marques de Melo e Sonia Jaconi, tem como título “Luitgarde: uma voz dos silenciados”. Na publicação, Melo afirma que a obra da pesquisadora contribuiu para o “território da folkcomunicação”, por convergir no processo de comunicação desenvolvido pelas camadas marginalizadas do país.



Andreza Pereira/Assessoria Folkcom
Foto: Rede Folkcom

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